Convencer os adolescentes de que vale a pena dedicar tempo e esforço às tarefas escolares pode ser uma enorme fonte de tenção. Neste exemplo, a mãe, Joana, e as suas filhas, Ana e Teresa*, dão as suas opiniões sobre a típica discussão entre mães e filhas, por causa dos trabalhos de casa – demonstrando a importância de compreender o ponto de vista do outro numa discussão familiar, para diminuir a raiva e a frustração de todos.
Problemas de relacionamento entre pais e filhos, relacionados com os trabalhos de casa: um estudo de caso
O ponto de vista da mãe Joana: eu quero que a Ana se esforce mais
A Joana estudou muito para entrar na universidade e formar-se em Matemática. Hoje em dia, ela discute diariamente com a filha Ana, de 15 anos, sobre os estudos.
"Ela é boa nas disciplinas relacionadas com arte e faz a maior parte dos trabalhos de casa. Porém, como não gosta de matemática e ciências, acaba por fazer os trabalhos muito rapidamente ou, simplesmente, não os faz", diz a mãe. "O problema é que, na minha opinião, essas matérias são muito importantes e podem abrir muitas portas no futuro. Ao princípio, eu tentei ajudá-la, mas ela recusou, então, eu decidi deixá-la fazer as coisas sozinha".
"Depois, comecei a ver os trabalhos de casa quando ela estava fora, e apercebi-me da má qualidade do que estava a entregar. Claro que a Ana ficou chateada por eu ter mexido nos cadernos dela, mas eu estava ainda mais irritada pela pouca dedicação que ela demonstrava nos trabalhos, e acabámos por discutir".
O ponto de vista da minha filha Ana: a minha mãe só me critica
A Ana vê a situação de uma forma diferente, e explica como é que a mãe a tenta "ajudar" com os trabalhos de casa.
"O que realmente significa," diz a Ana, "é que ela está sempre a dizer-me o que está errado. Depois, não percebe que eu fique frustrada por não saber a resposta, e fica chateada comigo. Faz-me sentir inútil, e que a mãe não gosta de mim, por não corresponder às suas expectativas".
Em vez de incentivá-la a fazer melhor, o comportamento da mãe leva a que se sinta nervosa e que tenha uma atitude rebelde no que toca aos trabalhos de casa – diz a Ana.
"Às vezes, sinto-me muito mal e inútil e vou falar com o meu pai, que fica do meu lado," explica. "Mas, o que eu realmente quero, é que a minha mãe pare de me chatear e que me deixe encontrar o meu próprio caminho".
O ponto de vista da Irmã Teresa: eu percebo ambos os lados
A Ana, às vezes, conversa com a irmã Teresa, de 22 anos, que se lembra dos problemas que tinha com a mãe, por causa dos trabalhos de casa.
"Em relação a mim, a Ana é muito mais de confrontar e chatear-se com a forma como a nossa mãe reage," explica a Teresa. "Eu percebo que a minha mãe queira ajudar a Ana a ter boas notas na escola, porque ela é inteligente, e eu sei que ter boas notas me ajudou a ter carreira que queria".
Ao mesmo tempo, ela também entende a frustração da Ana: "Seria ótimo se ela pudesse conversar com a nossa mãe sobre os sentimentos dela, como faz comigo," diz a Teresa. "Eu acho que a nossa mãe não percebe o triste que a Ana fica quando elas discutem".
A Teresa sugeriu aos pais contratarem um explicador para a Ana, ou conversarem com os professores da escola, em vez de estarem tão envolvidos. "Para mim, a minha irmã precisa de um incentivo," diz a Teresa, "e, talvez, isso pudesse aumentar a sua autoestima e dar-lhe a confiança para saber que consegue atingir as coisas sozinha".
O que queremos para os nossos filhos, e como achamos que podemos ajudá-los a preparar o seu futuro, pode não corresponder à sua visão. Isto torna-se mais óbvio quando temos dificuldade em perceber o porquê de certas coisas serem tão importantes para eles. Então, o que é que nós, pais, podemos fazer para os ajudar?