Algumas conversas entre pais e filhos são importantes durante a passagem de criança a adolescente, tais como falar sobre a puberdade, relações amorosas e sexuais, métodos contracetivos, ou sobre como lidar com o bullying. Na era digital, com a ascensão das redes sociais, dos filtros e das selfies, torna-se também importante conversar sobre como navegar o mundo online e, em particular, sobre as selfies.
Como é que as redes sociais afetam o bem-estar?
As raparigas portuguesas dos 10 aos 17 anos passam, em média, mais de 2 horas por dia nas redes sociais, o que só se veio agravar durante a pandemia, em que 70% das raparigas passaram a estar mais tempo conectadas. Efetivamente, as redes sociais vieram para ficar, mas apenas 50% das raparigas considera que sejam um fator positivo nas suas vidas. Se, por um lado, podem ajudar-nos a manter-nos conectados com os nossos amigos e família, registar memórias e até conhecer pessoas de diferentes origens, por outro, pode ter um efeito negativo na autoestima.
De facto, quanto mais tempo passam nas redes sociais, mais suscetíveis os jovens ficam de experienciar baixa autoestima, tristeza e pouca confiança no seu corpo. Os cientistas acreditam que é a forma como os jovens utilizam as redes sociais, e não o tempo que lhes dedicam, que influencia o impacto positivo ou negativo que estas têm nas suas vidas.
A troca de conteúdos e o envolvimento com os outros podem fazer-nos sentir ligados e melhorar o nosso humor, mas passar muito tempo a visualizar feeds pode ter o efeito contrário, de nos sentirmos sós e desligados. A procura de validação através de gostos e comentários, bem como as comparações com os outros, podem ter um efeito negativo na autoestima. Efetivamente, parte dos efeitos negativos das redes sociais é fazer-nos focar demasiado na nossa imagem e fazer-nos sentir inseguros com a nossa aparência, devido às fotografias que vemos estarem manipuladas digitalmente e não representarem a vida real.
Manipulação digital da imagem corporal vs. realidade
Os conteúdos que vemos das pessoas que seguimos nas redes sociais refletem maioritariamente as "melhores" versões de si mesmos. Se as imagens que os seus filhos vêem online são cuidadosamente criadas, editadas e filtradas, podem afetar negativamente a sua confiança.
3 em 4 raparigas comparam a sua aparência em fotografias com a de outras pessoas nas redes sociais, logo, publicar a "selfie perfeita" pode parecer uma obrigação em vez de diversão. O nosso estudo mais recente mostra que as raparigas tiram, em média, 9 selfies até obterem o visual certo para publicar, e dedicam mais de 10 minutos a arranjar-se para o efeito. Os filtros levam a que 2 em 3 raparigas tentem mudar ou esconder pelo menos uma parte do corpo antes de publicarem uma fotografia, para removerem "imperfeições" e corresponderem a padrões de beleza irrealistas.
Tirar selfies e utilizar filtros pode ser uma fonte de criatividade e autoexpressão. Contudo, a manipulação digital através da modificação de partes do corpo, para corresponder ao ideal irrealista de beleza da sociedade, pode ser um sinal de que o seu filho tem um problema de autoestima. De facto, 2 em 5 raparigas gostariam de sentir mais orgulho na sua própria aparência, e 14% utilizam apps de edição de imagem porque não consideram ser boas o suficiente na vida real.
Como conversar sobre as selfies
Pode ajudar os seus filhos a pensar de forma crítica e informada sobre a utilização das redes sociais, e a melhorar a sua autoestima, confiança e bem-estar, ao ensiná-los a:
Saiba mais ao descarregar o nosso Guia Crescer com Confiança, que inclui todos os nossos conselhos e dicas para ajudar os seus filhos a desenvolver autoestima.