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Como a escuta ativa ajuda a comunicar com os filhos?

O que é a escuta ativa e como pode ajudá-lo(a) a comunicar com os seus filhos?

Conversar com os adolescentes sobre os problemas que eles estão enfrentar pode ser difícil. É muito fácil dizer "Isso vai passar", mas não levá-los a sério pode ser um desincentivo a que falem sobre os seus sentimentos.

Quando estiver a conversar com os seus filhos, perceba as suas ideias e preocupações e incentive-os a falar sobre o que estão a sentir. Exercer a escuta ativa é essential para uma boa comunicação. Demonstre empatia pelos seus problemas, em vez de tentar resolvê-los rapidamente, e deixe claro que vai estar sempre disponível para conversar sobre qualquer problema que possa surgir.

Escuta ativa em prática

Este diálogo entre uma mãe/pai e uma filha(o) demonstra como pode utilizar a escuta ativa durante uma conversa:

Mãe/Pai: Querida(o), o que é que se passa?

Filha(o): Nada, agora não. Por que é que nunca bates à porta antes de entrar?

Mãe/Pai: Desculpa, pareceu-me ouvir-te chorar. Gostavas de contar-me a razão?

Filha(o): Não irias perceber.

Mãe/Pai: Eu acho que poderia perceber e gostava de tentar. Ficarias surpreendida(o) com as semelhanças entre as nossas experiências.

Filha(o): A sério?

Mãe/Pai: A sério. O que é que aconteceu?

Filha(o): (chora) A Ana* mandou uma mensagem a toda a gente a convidar para a festa dela, menos a mim.

Mãe/Pai: Oh, querida(o), que chatice.

Filha(o): Não precisas de ser sarcástica(o). Eu sei que não sou uma órfã desnutrida, mas...

Mãe/Pai: Eu percebo. É horrível quando estas coisas acontecem e sei como te sentes. Uma vez, aconteceu-me algo parecido e senti-me muito excluída(o).

Filha(o): Porquê, o que é que aconteceu?

Mãe/Pai: Quando eu tinha a tua idade, o meu melhor amigo, o Zé, e eu íamos sempre juntos para a praia. Um dia, ele disse-me que não lhe apetecia ir à praia, mas eu fui à mesma e vi-o lá com outro aluno da nossa escola.

Filha(o): O que é que fizeste?

Mãe/Pai: Fiquei muito triste. Fui para casa e a tua avó viu-me a chorar.

Filha(o): E o que é que a avó disse?

Mãe/Pai: Tivemos uma conversa igual a esta e ela disse-me que o que eu estava a sentir ia passar.

Filha(o): E passou mesmo?

Mãe/Pai: Sim. Ela tinha razão e, eventualmente, passou. Mas eu pensava que a avó estava irritada comigo, por eu estar a fazer um drama. Só que aquilo para mim era sério. Eu lembro-me de me ter sentido rejeitado(a).

Filha(o): Eu estou a irritar-te?

Mãe/Pai: Claro que não. Eu percebo perfeitamente o que estás a sentir. É horrível ser-se excluído das coisas.

Filha(o): Eu não sei o que fazer.

Mãe/Pai: Eu também não sabia. No fim, apercebi-me que ser amigo(a) do Zé provavelmente não era a melhor opção para mim. Não éramos a melhor companhia um para o outro. Então, aprendi a não ficar triste por causa do que ele me fez e, depois de um tempo, comecei a sentir-me melhor. E eu sei que vai acontecer a mesma coisa nesta situação.

Ao fazer perguntas de uma forma delicada e ao partilhar um pouco a sua experiência, a mãe/pai descobriu por que é que a filha(o) estava triste, ao mesmo tempo que contribuiu para que se sentisse ouvida(o) e amparada(o). Além disso, permitiu que a comunicação se mantivesse aberta, por lhe ter mostrado que a sua preocupação não era despropositada nem exagerada.

*Alteramos os nomes das pessoas cujas histórias partilhamos nestas páginas para proteger a sua privacidade, mas todas as histórias são verídicas.

Técnicas de escuta ativa

Como funciona a escuta ativa

Em negociações entre pessoas em situações de conflito (como guerras ou greves), recomenda-se que os lados opostos repitam o que a outra parte está a dizer, como forma de estabelecer empatia. Tente fazer isso com a sua filha(o), repetindo o que ela(e) acabou de dizer.

Diga, por exemplo: "Estás preocupada(o) porque achas que o teu amigo não gosta mais de ti, certo?". Pode soar forçado, mas este tipo de frases mostra à outra pessoa que a compreende e que está a ouvi-la.

Quando a autoestima da sua filha(o) estiver em baixo, devido a um problema de origem social, ajude-a(o) a recuperá-la. Dê-lhe carinho, ressalte as suas melhores qualidades e relembre-a das boas experiências que já teve.

A especialista Dra. Christina Berton, do Projeto Dove pela Autoestima, relata que alguns pais se concentram demasiado em contar as suas próprias experiências e dar conselhos. Afirma que "É importante que os pais compreendam isto em relação aos filhos. Têm de acompanhar o seu ritmo, respeitando a sua capacidade de expressar-se e mostrar os seus sentimentos, pensamentos e necessidades".

Saiba mais ao descarregar o nosso Guia Crescer com Confiança, que inclui todos os nossos conselhos e dicas para ajudar os seus filhos a desenvolver autoestima.

Próximos passos

  • Experimente usar diferentes métodos para entrar em sintonia com a sua filha(o). Por exemplo, tente falar com ela(e) em diferentes horários ao longo do dia, para perceber quando ela(e) está mais aberta(o) a comunicar (mas nunca a meio do seu programa de televisão preferido!).    
  • Fazer uma caminhada ou dar um passeio pode facilitar a conversa com a sua filha(o).    
  • A escuta ativa pressupõe um foco nas emoções e não nos detalhes do problema. Pergunte à sua filha(o) como se sentiu quando determinada situação ocorreu, ao invés de adivinhar ou supor.    
  • Pergunte-lhe se ela(e) tem alguma ideia sobre como deve lidar com o problema, antes de lhe dar qualquer consellho. Isso vai ajudá-la(o) a encontrar as suas próprias soluções, a desenvolver a sua confiança e outras habilidades, essenciais para o futuro.    
  • Leia o nosso artigo "Código secreto para o relacionamento entre pais e filhos", que tem por objetivo a criação de códigos entre pais e filhos, para aumentar a confiança e melhorar a comunicação.