Skip to content

Susannah Temko, 24

Eu descobri que era intersexual alguns meses depois de terminar a quimioterapia. Eu tinha acabado de completar 16 anos. Inicialmente, eu tive um ataque de pânico, porque isso jogou para o alto tudo o que eu sabia sobre mim mesma. Não havia nada, nem ninguém que pudesse me explicar o que isso significava.

"Eu não cresci sendo parecida com as outras pessoas. Eu sou meio jamaicana e meio inglesa e as princesas da Disney com as quais eu brincava não se pareciam comigo. Eu gastei horas tentando mudar minha aparência pensando que de alguma maneira eu me encaixaria mais. É estranho pensar que no momento em que eu aceitei quem eu era, foi quando eu percebi que existe muita pressão para que as pessoas se encaixem em um só padrão de beleza. Quando você está feliz, quando você sorri, não importa o que você está usando, isso sim pra mim é beleza." Shakia, 28 anos
@Dove

Isso significa que tenho cromossomos XY e gônadas subdesenvolvidas (que foram removidas), que é quando os órgãos não são ovários, mas também não são testículos. Eu me identifico com o gênero feminino, mas na minha cabeça ficou a ideia de que eu não era uma mulher de verdade. Era horrível. Aos 18 anos, desenvolvi depressão clínica e, durante um período, tornei-me suicida . Desenvolvi um distúrbio alimentar grave. Eu sentia que tinha que ser como as modelos da Victoria's Secret; que eu tinha que ser ultra-feminina e linda, e me esforçar ao máximo para ser o que eu achava que era a perfeição. Eu não conseguia sair de casa sem maquiagem completa.

Começar a escrever o meu blog foi o momento da virada. Era sobre o câncer e a mensagem que eu reforçava era de que não havia nada de errado em ter uma doença; você não deve ter vergonha de ter um corpo que está doente - todas as pessoas são fortes e bonitas. Cerca de um ano atrás eu finalmente escrevi um post sobre ser intersexual. Eu quase vomitei quando apertei o botão 'publicar', porque cerca de 5 mil pessoas leriam o que escrevi, mas foi uma das coisas mais libertadoras que já fiz. Desde então, tenho sido muito aberta sobre isso e percebi que se as pessoas tem um problema com isso, o problema é delas e não meu. Eu me sinto mais forte, embora não me sinta perfeita. Ainda tenho dias em que me olho no espelho e desejo que meu rosto não tivesse determinado formato. Mas antes disso havia uma voz, um crítico na minha cabeça, que gritava e anulava todo o resto. Agora eu consigo falar para essa voz crítica ficar quieta.